Saiba tudo sobre a TMA – Taxa Mínima de Atratividade

Felix Schultz
Felix Schultz
tma - saiba tudo sobre taxa de atratividade

A TMA (Taxa Mínima de Atratividade) é um índice de juros muito importante na avaliação de qualquer investimento ou financiamento.

Isso acontece porque essa taxa representa o mínimo esperado de retorno financeiro que uma aplicação deve trazer para ter viabilidade ao negócio.

Imagine investir em um negócio de risco e obter retornos mais baixos do que a poupança, que não exige nenhum tempo e esforço para render.

Neste caso, seria melhor nem ter entrado no projeto ou investido, não é mesmo? Isso acontece o tempo.

Muitas empresas não consideram fatores importantes nessa tomada de decisão como o payback simples, liquidez, VPL, custo de capital e nem analisam quanto de rendimento outros investimentos financeiros ou projetos poderiam trazer.

É desse tipo de situação que você se livrará ao ler o artigo de hoje. Até o final dessa leitura, você deve estar preparado para entrar em qualquer projeto analisando com cuidado o retorno esperado.

Então, se você é um gestor ou investidor, deve ficar muito atento à Taxa Mínima de Atratividade (TMA).

Caso queira aprender mais sobre análise de projetos, leia este nosso outro conteúdo do blog sobre SWOT.

Boa leitura!

O que é a Taxa Mínima de Atratividade – TMA

Quando o assunto é dinheiro, todo cuidado é pouco. Afinal, basta uma decisão errada para perder capital e tempo. Sem considerar as vezes que os resultados “empatam”, mas você sabe que teria aproveitado muito melhor os recursos em outra aplicação.

A grande verdade é que existe um leque de oportunidades no mercado, mas nem todas se encaixam no risco de negócio desejado ou se são de fato viáveis.

É por esse motivo que a Taxa Mínima de Atratividade – TMA é fundamental.

A TMA é o mínimo que um investidor ou empresa deseja ganhar ao fazer um investimento. Também significa a taxa máxima que deseja pagar ao fazer um financiamento.

Em resumo, essa taxa designa de forma simples qual é o valor mínimo de retorno sobre um investimento (ROI). Em outras palavras, a TMA definir a partir de qual valor se obtém um lucro real sobre o projeto (produto, serviço, equipamento, operação).

É a TMA que dirá se o novo projeto, equipamento, expansão da loja é um bom negócio ou não.

Então, a Taxa Mínima de Atratividade é variável. Ela depende de fatores externos e internos, como a Taxa Selic, apetite ao risco da empresa, tempo de investimento e etc.

Por esses fatores, a TMA não pode ser generalizada. Cada investimento deve possuir sua TMA considerada individualmente.

Imagine que uma empresa precisa decidir se adquire ou não uma máquina nova. Esse gestor não pode fazer o investimento apenas porque acha que é correto, ele deve medir o retorno que essa máquina vai trazer para a empresa.

Lembre-se: toda decisão administrativa deve ser tomada com base em dados.

Bom, o gestor então deve saber as respostas para: quanto essa máquina custa e quanto ela vai trazer de retorno por ano?

Se a máquina custa R$ 100.000 e ela traz R$ 10.000 de retorno ao ano (10%), então é preciso de 10 anos para ter um payback simples, certo?

No entanto, essa empresa deve considerar o custo de oportunidade também. Afinal, ao investir esses R$ 100.000 em uma aplicação de baixo risco, como um CDB de curto prazo, ela pode ter um retorno muito próximo da Selic, que hoje é de 6,50% (fevereiro de 2019).

Então, o investimento na máquina vale a pena? Talvez não, já que a TMA (Taxa de Mínima de Atratividade) é composta por outros fatores.

Custo de oportunidade: quanto de retorno o investimento traria em outras aplicações não analisadas como por exemplo fundos de investimentos, outros projetos e etc. É analisar as opções e identificar qual tem mais potencial de resultado.

Risco do negócio: o ganho de um projeto ou investimento deve recompensar o risco inerente da nova ação. Afinal, o rendimento nem sempre é garantido. Então, quanto mais risco houver em um negócio, maior deve ser a remuneração esperada.

Liquidez: a liquidez é a capacidade ou velocidade em que se pode sair de uma posição no mercado para assumir outra.

Analisando esses outros fatores, pode não ser interessante fazer o investimento na máquina que pode ter um valor de depreciação natural e pouca liquidez, em caso de venda do equipamento.

O que é Custo de Capital

O custo de capital possui um conceito semelhante à TMA. Ele representa a taxa de retorno que credores e acionistas (ou seja, os financiadores de recursos) desejam para determinar a viabilidade de investimento no negócio.

Ou seja, o custo de capital faz parte da TMA, mas eles não são sinônimos. O Custo de Capital é o “preço do dinheiro” investido e não considera outros fatores que a TMA considera como a liquidez ou até mesmo os riscos do negócio.

É comum que esse capital seja híbrido entre próprio e de terceiros. Por isso, deve-se analisar a estrutura de capital de uma empresa para entender as diferentes expectativas dos financiadores do investimento e assim satisfazer a todos com os novos projetos.

O que é o Custo de Oportunidade

Você já deve ter ouvido falar da frase “para cada escolha, uma renúncia”. Ela resume bem o conceito de custo de oportunidade.

Ao se analisar um investimento, é importante considerar o resultado esperado e comparar ao possível resultado de outras aplicações em outros projetos, de diferentes naturezas.

Assim, você pode ter uma boa base para analisar se o retorno em relação ao esforço e ao risco da operação são satisfatórios.

Em outras palavras, o custo de oportunidade significa o resultado que você abre mão para tomar uma decisão.

Por exemplo, ao decidir abrir uma loja que tem potencial de render 35% ao ano, você pode comparar essa decisão ao custo de oportunidade de aplicar no índice Bovespa, taxa média de rendimento da Bolsa de Valores.

No ano de 2018, essa taxa rendeu 15% e em 2017, 26,9%.

Claro que na renda variável não existem garantias, mas investir em uma nova loja também possui nenhuma garantia além da expectativa com base na experiência do gestor.

Mesmo assim vale analisar as oportunidades que não são aproveitadas ao tomar uma decisão.

Como esses conceitos se relacionam

A TMA, o Custo de Capital e o Custo de Oportunidade, juntos, ajudam o empresário a tomar decisões analisando o que realmente é importante para qualquer empresa competitiva: o resultado.

Ao mesclar esses conceitos, a empresa deve ter a consciência completa do quanto seu dinheiro deve render, quanto seus financiadores esperam de resultado e quais oportunidades são deixadas de lado.

Como dito, quando o assunto é aplicar em um projeto, deve-se tomar todo o cuidado, pois esta decisão envolve dinheiro, tempo e esforço do negócio que pode ser aplicado de várias formas e trazer resultados diferentes.

Vantagens em calcular a TMA

A taxa de expectativa serve justamente para entender o mínimo de retorno necessário, deixando de lado emoções que podem atrapalhar a decisão.

Trata-se de matemática simples aplicada. É comum que um gestor apegue-se a ideias e se empolgue com elas e suas possibilidades. Assim, ele deseja ver essas ideias na prática.

Todavia, nem sempre elas são viáveis economicamente porque representam um retorno muito demorado ou muito arriscado. A TMA auxilia justamente nesse tipo de tomada de decisão.

Todo negócio deve-se basear em resultado, por isso que novos investimentos devem ser analisados com cuidado, afinal, o capital para investir é finito e possui financiadores que desejam ter um retorno mínimo: o custo de capital.

No que está baseada a TMA

A base é simples e clara: o resultado do investimento deve ser maior que o investimento, considerando todas as despesas e claro, o custo de oportunidade de aplicar em um título do Tesouro Direto, por exemplo, que rende perto da Taxa Selic com zero risco.

Assim, a análise de uma Taxa Mínima de Atratividade é estimada com base nas principais taxas de juros praticadas pelo mercado. As que mais exercem influência são:

TBF – Taxa Básica Financeira

A TBF é usada para corrigir valores e aplicações financeiras, como por exemplo o FGTS. Ela é baseada no custo médio das operações financeiras realizadas no mercado.

O seu valor é calculado a partir dos CDBs e RDBs prefixados que as instituições bancárias geraram no último mês. A Taxa Básica Financeira é a média ponderada da taxa desses títulos.

A TBF também serve como base para a Taxa Referencial.

TR – Taxa Referencial

A TR já desempenhou o papel da Taxa Selic, hoje ela cumpre três funções: remunerar alguns investimentos de renda fixa como a poupança, remunerar o saldo do FGTS e atualizar financiamento imobiliários.

Essa taxa muitas vezes não rende a inflação (IPCA).

TLP – Taxa de Longo Prazo

Essa taxa entrou em vigor em 2017. Ela define o mínimo de rendimento esperado de empréstimos feitos pelo BNDES.

Até 2022, essa taxa deve se equiparar ao rendimento do NTN-B (Tesouro IPCA+), um dos títulos da dívida pública emitido pelo Tesouro.

SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia

Talvez essa seja a taxa mais importante a ser considerada antes de fazer um investimento. A Selic representa o “preço do dinheiro” no mercado. Ou seja, é a taxa básica de juros.

Os investidores de renda fixa têm essa taxa como referência para saber se suas aplicações estão rendendo pelo menos o mínimo necessário.

Desvantagens da Taxa Mínima de Atratividade – TMA

A Taxa Mínima de Atratividade é uma expectativa. Apesar de ela ser extremamente positiva, um negócio moderno não pode basear 100% das suas decisões apenas em escolhas 100% seguras.

Muitas vezes, é preciso arriscar mais no curto prazo para obter resultados mais expressivos no longo prazo.

Por exemplo, se a TMA for uma “lei”, será muito difícil para uma empresa fabricante investir em desenvolvimento de novos produtos ainda desconhecidos pelo mercado. Afinal, eles podem ter baixa aceitação e gerar prejuízo.

No entanto, um desses produtos poderia trazer uma boa fatia do mercado, surpreendendo positivamente.

Assim, a TMA não deve ser a única taxa a ser considerada. É fundamental que toda empresa reserve uma parte do seu capital para investir em projetos mais inovadores, e logo, mais arriscados para manter uma boa competitividade.

Como calcular a TMA

A TMA varia de aplicação para aplicação. Por exemplo, você possui um novo projeto e para ele acontecer deve-se aplicar R$ 400.000.

Esses R$ 400.000 podem já estar aplicados em um título prefixado que rende 14% ao ano. Neste caso, a TMA é de 14% que é o custo de abrir mão dessa aplicação. No entanto, se o investimento virá de um credor, você pode usar a taxa Selic como base.

Assim, a TMA deve ser decidida pela empresa e seus gestores com base nos índices de mercado.

Uma forma de avaliar o TMA é calculando o VPL (Valor Presente Líquido) de um investimento e sua rentabilidade.

Essa é uma fórmula financeira usada para encontrar o valor presente de uma série de pagamentos futuros descontando uma taxa de custo de capital estipulada, a TMA.

Ele existe, pois, naturalmente, o dinheiro que vamos receber no futuro não vale a mesma coisa que o dinheiro no tempo presente.

A lógica é que se o VPL for maior que zero, o investimento é rentável e se for negativo não é, não compensando ao investidor.

A fórmula funciona da seguinte forma:

FC = Fluxo de caixa

TMA = Taxa mínima de atratividade

j = período de cada fluxo de caixa

Com um exemplo prático fica mais simples entender.

Imagine que você vai desenvolver um produto novo e isso custará R$ 200.000. Sua expectativa de retorno é de:

  • – R$200.000 no ano zero
  • R$ 50.000 no primeiro ano
  • R$ 75.000 no segundo ano
  • R$ 96.000 no terceiro ano
  • R$ 82.000 no quarto ano

Isto sem descontar a TMA, que se for de 10%, o retorno seria de:

  • – R$200.000 no ano zero
  • R$ 45.455 no primeiro ano
  • R$ 61.983 no segundo ano
  • R$ 72.126 no terceiro ano
  • R$ 56.007 no quarto ano

Neste caso, sabemos que a VPL do negócio em questão é de R$ 35.571,34.

Ou seja, ao somar todo o rendimento descontado e subtrair pelo investimento inicial, ainda sobrou o valor acima.

O payback simples, sem desconto da TMA, aconteceu do segundo para o terceiro ano e o payback ajustado aconteceu apenas do terceiro para o quarto ano.

TMA x Custo de Capital

Muitos administradores e especialistas consideram o próprio custo de capital como a TMA mais justa. Em outras palavras, a Taxa Mínima de Atrativa deve ser pelo menos o mínimo esperado pelos financiadores do negócio.

Lembre-se: uma empresa pode bancar seus projetos com capital próprio, capital de terceiros e reinvestimento de lucro.

Assim, a TMA de projetos que levariam o investimento de sócios ou de terceiros deve pelo menos equivaler ao custo de capital – o que é justo.

No entanto, é possível arriscar mais com uma TMA mais baixa quando se trata de reinvestimento do lucro. Neste caso, a empresa pode inovar e investir mais dinheiro em projetos que darão um retorno apenas de longo prazo.

Conclusão

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é fundamental para qualquer empresa que deseja ser responsável com sua área de novos negócios.

Ou seja, é uma métrica fundamental para gestores que focam no que realmente é importante: o retorno que seus recursos devem trazer.

Assim, é possível medir se o investimento em um projeto de expansão, novo equipamento, desenvolvimento de produto ou outro tipo de projeto realmente é viável.

A TMA não é baseada apenas no custo de oportunidade e no custo de capital, ela também considera o risco e a liquidez envolvidas no projeto.

Assim, o investidor evita de perder grande parte do seu capital ou imobilizar seus recursos em um único projeto.

Esse tipo de erro pode parecer básico, mas muitas empresas já afundaram por apostar alto demais e não considerar o TMA para entrar em novos projetos.

Todo administrador que possui os pés no chão deve fazer perguntas antes de investir como por exemplo: quanto de lucro deve haver em 1 ano, 2 anos e etc? Vale mais a pena deixar o dinheiro na poupança?

Essas são questões básicas que a TMA (Taxa Mínima de Atratividade) ajuda a responder com clareza. Claro, além da TMA, deve-se considerar se o projeto é estratégico para a empresa ou não pelo ponto de vista de mercado.

Às vezes, vale a pena até arcar com prejuízos para não dar espaço para a concorrência. Por isso, cada empresa deve conhecer sua realidade e conhecer seu fluxo de caixa para entender até qual ponto a TMA deve ser usada como norma ou não.

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Felix Schultz

Executivo de Internet com mais de 15 anos de experiência, incluindo a gestão geral das organizações, desenvolvimento de produtos, operações de negócios e estratégia.